quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Política do Choque Elétrico


Edmar Oliveira
 
Fiquei escandalizado com a notícia inacreditável: “Rio recebe armas de choque elétrico para o combate ao crack”. Polícia tem que combater o traficante, não o usuário. Mas se a polícia corre atrás do usuário (por isso ele sai correndo entre os carros), este sabe onde está o traficante que a polícia não encontra (!). E o tráfico acompanha o exército de “zumbis” alimentando o vício. Que tal a polícia ocupar o território das chamadas cracolândias apenas evitando o tráfico de drogas e deixando os usuários serem atendidos pelos serviços social e de saúde, estando estes serviços completamente separados da repressão e com equipamentos decentes? É possível?

Exemplo de equipamentos decentes: abrigos que atraiam e fixem o desvalido e não campos de segregação e exclusão, que só tem como opção a fuga e deixa a assistência social enxugando gelo. Estes abrigos existem em outras cidades, como São Bernardo e Salvador. Consultórios na Rua e Centros de Atenção Psicossocial em número suficiente. Por exemplo, Recife tem um Centro de Atenção a Usuários de Drogas para 250.000 habitantes. O Rio tem UM para 1 milhão e 200 mil habitantes! Entendem a difícil tarefa que a Saúde Pública não é capaz de resolver? Com estas simples constatações podemos caracterizar o equívoco da política adotada.

Agora, atacar os usuários com armas que disparam choques elétricos é uma forma de ação desnecessária e covarde, que pode causar mortes não acidentais (a arritmia cardíaca provocada pela droga pode ser aumentada, e letal, com o choque). Isso é ato de extermínio ou trágica ironia de se combater o crack com choque elétrico, como se fazia com os loucos no manicômio. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tenho outra expressão para atitude política como essa: É foda.
Chico Salles.