Edmar Oliveira
Fiquei escandalizado com a notícia inacreditável: “Rio
recebe armas de choque elétrico para o combate ao crack”. Polícia tem que
combater o traficante, não o usuário. Mas se a polícia corre atrás do usuário
(por isso ele sai correndo entre os carros), este sabe onde está o traficante
que a polícia não encontra (!). E o tráfico acompanha o exército de “zumbis”
alimentando o vício. Que tal a polícia ocupar o território das chamadas cracolândias
apenas evitando o tráfico de drogas e deixando os usuários serem atendidos
pelos serviços social e de saúde, estando estes serviços completamente
separados da repressão e com equipamentos decentes? É possível?
Exemplo de equipamentos decentes: abrigos que atraiam e
fixem o desvalido e não campos de segregação e exclusão, que só tem como opção
a fuga e deixa a assistência social enxugando gelo. Estes abrigos existem em
outras cidades, como São Bernardo e Salvador. Consultórios na Rua e Centros de
Atenção Psicossocial em número suficiente. Por exemplo, Recife tem um Centro de
Atenção a Usuários de Drogas para 250.000 habitantes. O Rio tem UM para 1
milhão e 200 mil habitantes! Entendem a difícil tarefa que a Saúde Pública não
é capaz de resolver? Com estas simples constatações podemos caracterizar o equívoco
da política adotada.
Agora, atacar os usuários com armas que disparam choques
elétricos é uma forma de ação desnecessária e covarde, que pode causar mortes não acidentais (a arritmia cardíaca
provocada pela droga pode ser aumentada, e letal, com o choque). Isso é ato de
extermínio ou trágica ironia de se combater o crack com choque elétrico, como
se fazia com os loucos no manicômio.
Um comentário:
Não tenho outra expressão para atitude política como essa: É foda.
Chico Salles.
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